Jeferson Miola
A estratégia do clã Bolsonaro no escândalo Queiroz é de um primitivismo rudimentar e até pueril. Eles se iludem que, fugindo e se escondendo da justiça, o escândalo pode desaparecer, cair no esquecimento ou deixar de existir. Pensamento mágico.
Considerando os detalhes escabrosos descobertos até aqui, é compreensível a dificuldade da família conseguir apresentar uma versão coerente e consistente, que consiga ficar em pé. Por isso eles precisam fugir.
O caso Queiroz é como a metáfora citada pelo falecido juiz do STF Teori Zavascki: “a gente puxa uma pena e vem uma galinha”. Ou seja, o “rolo” do Queiroz é apenas uma pequena ponta de um iceberg muito mais profundo, abrangente e antigo.
O R$ 1,2 milhão movimentado atipicamente por Queiroz mediante o desvio do salário de funcionários laranjas e fantasmas [inclusive filhas e esposa] é, presumivelmente, a falcatrua mais branda a que os Bolsonaro estão chamados a esclarecer.
As ilicitudes praticadas nos gabinetes parlamentares dos Bolsonaro não são “apenas” as conhecidas e condenáveis práticas de “caixinhas” que financiam atividades dos mandatos.
Existem fortes indícios de movimentação milionária de dinheiro. Em 3 anos, só pelas contas do Queiroz passaram R$ 7 milhões. Suspeita-se de associação criminosa e negócios imobiliários que encobrem ilícitos de lavagem de dinheiro e enriquecimento ilícito.
E, mais grave que tudo isso, é a revelação de laços que supostamente vinculam o clã dos Bolsonaro ao submundo das milícias e da criminalidade do Rio de Janeiro.
No GGN, Luis Nassif mencionou a Operação Quarto Elemento [ler aqui], que investiga a participação de agentes da PM e paramilitares no assassinato da Marielle e do Anderson e cujos integrantes da organização criminosa atuaram como segurança de Flávio Bolsonaro e de atos de campanha do governador eleito, o bolsonarista Willson Witzel.
O jornalista Lauro Jardim, no O Globo, divulgou que Queiroz se escondeu na favela de Rio das Pedras, que “É a segunda maior favela da cidade e dominada da primeira à última rua pela milícia mais antiga do Rio de Janeiro” [ler aqui]. Como fugiu de depoimentos e se refugiou no aparelho das milícias, o gesto do Queiroz caracteriza clara afronta ao Estado de Direito.
Em resposta à nota que a defesa de Queiroz lhe enviou mentindo que o ex-motorista ficara na casa da filha no Itanhangá, Lauro Jardim fulminou: “Queiroz passou alguns dias, sim, na favela de Rio das Pedras (entre os dias 17 e 20 de dezembro)”.
A situação dos Bolsonaro se agravou sobremaneira. Eles estão vivendo, na vida real, a agonia representada no filme “Eu sei o que vocês fizeram no verão passado”.
No filme, adolescentes retornam à cidade onde no verão anterior haviam cometido e ocultado um assassinato, e são recepcionados com um bilhete dizendo “Eu sei o que vocês fizeram no verão passado”. A partir daí o enredo se estabelece, o inferno se instala e um a um dos jovens implicados no assassinato é justiçado.
A sobrevivência do Bolsonaro é incerta. A imprensa sabe muito aquilo que a família esconde. A imprensa sabe o que os Bolsonaro “fizeram no verão passado”. Os Bolsonaro pensam que estão driblando todo mundo, mas na realidade estão tropeçando nas próprias pernas.
NO KIDDING, FOLKS, IT WAS TERRIFIC, SEM BRINCADEIRA, GALERA. FOI MEDONHO,!
Giovanni G. Vieira
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Pois não é que o colunista do jornal “O Globo” e editor de livros Carlos Andreazza publicou hoje que essas coisas cairão no esquecimento se a reforma da Previdência for aprovada, e, por conseguinte, segundo ele, o Brasil entrar em uma era de paz e prosperidade, mas ressalvando que a privatização do BB, CEF e BNDES o sistema financeiro ficará à mercê do cartel formado pelos bancos Itaú, Bradesco e Santander, e nenhuma ressalva sobre o poder das milícias.
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