Bolsonaro é um defunto político

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Jeferson Miola              

A avalanche de denúncias gravíssimas que atingem o filho Flávio, retira de Bolsonaro a condição de preservar o mandato presidencial.

Bolsonaro virou um defunto político. A essas alturas, a saída mais honrosa e digna para ele seria a renúncia, se é que já não lhe reservaram alguma “coincidência” no procedimento cirúrgico a que se submeterá nos próximos dias.

A imagem do presidente da oitava economia planetária almoçando sozinho em Davos, sem compromissos de trabalho com autoridades e líderes mundiais, dimensiona o desprestígio e a insignificância do mandatário brasileiro na arena internacional.

A descoberta de crimes de lavagem de dinheiro, ocultação de patrimônio, associação criminosa, enriquecimento ilícito e, para assombro geral, envolvimento com a milícia Escritório do Crime, confirmam suspeitas antigas acerca da atuação dos Bolsonaro nos porões da criminalidade.

O escândalo é não menos que chocante. Abre uma crise profunda que pode levar ao impeachment do presidente recém-empossado.

Em sociedades civilizadas e não dominadas pela bandidagem, o simples fato de haver denúncias dessa natureza – que inclusive não são desmentidas pela família – causaria uma hecatombe.

A constatação, entretanto, de que tais fatos têm materialidade comprovada, torna a situação do chefe do clã insustentável.

Os militares continuam observando e monitorando, em silêncio, as encrencas da família Bolsonaro. Os militares, que colonizaram todas as áreas estratégicas e controlam os setores prioritários do governo, mantêm as rédeas do jogo nas mãos.

Do ponto de vista das FFAA, a presença de Bolsonaro à frente do governo, mesmo como mero fantoche, passou a ser extremamente inconveniente, e sua continuidade, por isso, passou a ser indesejável.

Com o impeachment do Bolsonaro, assume a Presidência o general Mourão, vice-presidente eleito no contexto conhecido, de uma eleição “anormal”, para dizer diplomaticamente.

A destituição do Bolsonaro em razão desses fatos aterradores coloca em dúvida a legitimidade não só do governo eleito de maneira atípica em outubro passado com a cumplicidade do TSE e do STF, mas sobretudo questiona a legitimidade do regime de exceção, que pariu esta aberração dantesca [ler aqui].

A substituição do Bolsonaro por Mourão, portanto, ainda que seja o remédio previsto na Constituição, não solucionaria a profunda crise de legitimidade do regime.

A solução estável e legítima que, todavia, demandaria um amplo acordo democrático e que poderia criar as condições para o Brasil restaurar a democracia e encontrar o caminho do desenvolvimento, da geração de empregos e da reconstrução econômica e social, é a realização de eleição livre, limpa e soberana.

Fora disso, haverá a instalação de um governo militar num ambiente de instabilidade, conflito social crescente e ilegitimidade do regime.

3 comentários em “Bolsonaro é um defunto político

  1. Ocorre que Bolsonaro é um defunto morto-vivo, não irá se entregar sem luta, o que significa que irá utilizar seu exército de zumbis (os zumbis populares mas principalmente os zumbis de toga, naturalmente) para atacar violentamente a esquerda e a democracia. Os 1% mais ricos da população, capitalistas rentistas que sugam através dos juros da dívida pública praticamente todas as riquezas nacionais não têm o menor interesse em fazer qualquer acordo nacional e irão bancar o morto-vivo. Se não hover uma gigantesca luta popular, não haverá solução para o impasse. Mas tudo o que o PT não quer é organizar uma boa luta popular. E Lula continua preso. Tempos sombrios nos esperam. É hora de cada um dar o melhor de si!

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