Moro afirmou que Adriano foi assassinado

Jeferson Miola                         

O inconsciente é uma fonte poderosa e confiável da verdade. Através do inconsciente o ser humano revela aquela verdade íntima e profunda que tenta esconder.

Num ato falho cometido quando explicava a morte do miliciano Adriano da Nóbrega em audiência na Câmara dos Deputados, o ministro Sérgio Moro admitiu que o miliciano aliado dos Bolsonaro foi assassinado.

Moro rebatia acusação de que sua Gestapo [PF], que não incluiu Adriano na lista dos bandidos mais procurados, estaria protegendo o miliciano aliado e sócio dos Bolsonaro nos negócios políticos do clã.

Ao responder ao questionamento do deputado petista Paulo Teixeira, Moro disse: “Ninguém protegeu essa pessoa. Se nós estivéssemos protegendo essa pessoa, então teríamos feito um péssimo trabalho. A pessoa foi assassinada” [aqui].

Moro imediatamente se corrigiu e então repetiu a versão oficial e sem comprovação na realidade de que Adriano não foi executado: “Assassinada não. Foi morta em confronto com a polícia”.

De sobra, o ministro bolsonarista ainda explorou o álibi da execução do miliciano pela polícia de Estado governado pelo petista Rui Costa e não pela “sua polícia”: “E veja, nem é a polícia do… Não estou criticando a polícia lá. Não sei as circunstâncias. Isso vai ser apurado. Mas é a polícia de um Estado administrado pelo Partido dos Trabalhadores”.

Durante a audiência na Câmara, o deputado Glauber Braga/PSOL, que ano passado havia chamado Moro de “juiz ladrão”, desta vez acusou o chefe da Gestapo de ser “capanga da milícia”: “Eu não tenho outra coisa a dizer a não ser chamar o ministro da Justiça, que blinda a família Bolsonaro em relação a esses temas de capanga da milícia”.

O ato falho do Moro é a chave para esclarecer a execução do miliciano. O assassinato de Adriano, reconhecido por Moro, está cercado de pontos obscuros que precisam ser desvelados, para descobrir-se a quem e a quais interesses atendia a eliminação física do miliciano querido e homenageado pelos Bolsonaro.

O silêncio do governador da Bahia em relação a este episódio aumenta ainda mais a obscuridade do caso e beneficia diretamente os interessados na eliminação física do miliciano [aqui].