Congresso engaveta impeachment de Bolsonaro e julgamento de parlamentares em “conflito com a lei”, mas vota crime de lesa-pátria da independência do BC

Jeferson Miola

O Congresso não perde oportunidade de se desmoralizar e de mostrar sua mais absoluta indignidade, indecência e subserviência aos interesses das potências estrangeiras, em especial os EUA.

A Câmara dos Deputados e o Senado Federal, que deveriam ser instâncias respeitáveis da representação popular e da República, na verdade se converteram num antro para o refúgio de infratores e bandidos, para dizer o mínimo.

São instituições que, por exemplo, enterram nas gavetas mais de 50 pedidos de impeachment do chefe miliciano, e que protegem uma pastora bolsonarista investigada como mandante do assassinato do próprio marido.

São instituições que protegem o filho do chefe do clã miliciano do Planalto, implicado em crimes de peculato, corrupção ativa, lavagem de dinheiro e formação de organização criminosa, veja só.

E são, também, instituições que protegem um senador e vice-líder bolsonarista que escondeu no meio das nádegas milhares de reais de dinheiro público roubado, que deveria ser aplicado no combate à pandemia.

Enquanto deixa toda catrefa criminosa incólume, entretanto, o Congresso segue laborioso e produtivo no aprofundamento do mais profundo e jamais visto processo de saqueio e de pilhagem do Brasil.

Nunca antes em toda história de 520 anos desde a invasão desta terra chamada Brasil, a oligarquia calhorda se refestelou tanto na apropriação do butim da devastação do país.

A maioria bolsonarista saqueadora no Senado presidido por Davi Alcolumbre agendou para a próxima 3ª feira, 3 de novembro, a votação do Projeto de Lei da chamada “independência” do Banco Central [BC].

Com esta medida Guedes, os militares e Bolsonaro entregam ao capital internacional a última nesga de soberania nacional. E entregam às finanças internacionais o controle absoluto e total na definição do valor da moeda nacional e, por tabela, dos rumos da economia brasileira no contexto internacional.

Para uma instituição que protege milicianos e engaveta o julgamento de parlamentares em “conflito com a lei” – que, segundo o Código Penal, seriam tipificados como criminosos – não deixa de ser coerente que este mesmo antro delinquente aprove o crime de lesa-pátria da independência do BC.